Vocabulário TEA – 20 termos para entender o transtorno
São muitos termos usados, porém desconhecidos para quem não é da área, ou para pais que estão começando a pesquisar mais sobre o autismo, buscando respostas e querendo entendendo mais sobre o transtorno.
Separamos aqui esses 20 termos muito usados, que pode te ajudar a entender um pouco mais sobre esse universo do autismo.
1 – Estereotipia
Movimentos repetitivos realizados por autistas com a finalidade de se autoestimularem sensorialmente. Os movimentos mais comuns são o balançar as mãos (flapping), pular, girar, alinhar objetos de acordo com um padrão determinado, usar de ecolalia na fala. Até pouco tempo atrás a psiquiatria considerava esses movimentos inadequados e, por meio de terapias comportamentais como ABBA tentaram eliminá-los, mas as evidências científicas e o depoimento de diversos autistas vêm demonstrando que os movimentos – que não são controláveis pelo autista – são necessários para sua autorregulação e retirá-los causam prejuízos graves.
2 – Ecolalia
Ecolalia significa a repetição de sons, palavras ou até frases inteiras. Quem tem ecolalia como uma das comorbidades do autismo, nem sempre consegue expressar o que sente ou precisa de uma forma eficiente. No entanto, esta pessoa tende a repetir o que ouve. Por exemplo: se você fizer uma pergunta a um autista com ecolalia, é possível que ele repita a pergunta em vez de respondê-la.
3 – ABA
ABA, é uma sigla para Applied Behavioral Analysis. Em tradução livre, é a análise do comportamento aplicada. E é, sem dúvida, um dos métodos de intervenção mais populares entre os autistas atualmente.
A proposta do método ABA é que terapeutas ensinem habilidades comunicativas, sociais, acadêmicas e autocuidado. Assim, o método prevê a diminuição de comportamentos prejudiciais ou aqueles que podem afetar o aprendizado.
4 – Intervenção Precoce
É um conjunto de modalidades terapêuticas que visam aumentar o potencial do desenvolvimento social e de comunicação da criança. Quanto mais cedo se inicia uma intervenção adequada, maiores as chances de desenvolvimento.
5 – Meltdown/Shutdown
O meltdown é um termo em inglês que, na prática, é usado em referência aos colapsos que podem acontecer com um autista. Por ter início, em geral, com episódios de raiva, o meltdown é, muitas vezes, confundido com acessos de fúria. No entanto, o meltdown é uma forma de reação do corpo em situações confusas ou que sejam estimulantes demais.
O meltdown pode ser algo mais expansivo e visível. No entanto, a reação também pode ser silenciosa, o que chamamos de Shutdown. A dica é prestar atenção se o autista teve uma reação atípica de comportamento repentinamente.
6 – Stimming
(comportamento repetitivo)
Uma das palavras mais comuns no autismo é o stimming, que nada mais é que o comportamento repetitivo. Inclusive, muita gente que não tem tanta familiaridade com o autismo tem o comportamento repetitivo como uma forma de definir o autismo. Porém, é sempre bom lembrar que o autismo é uma soma de fatores e não apenas um comportamento, ainda que ele seja algo mais visível.
Muitas pessoas autistas, por exemplo, apresentam comportamentos clássicos como girar objetos, balançar o corpo, bater palmas ou enfileirar coisas. Geralmente, esses comportamentos ajudam o autista a aliviar o estresse e a super estimulação. Ou seja, o stimming não é algo necessariamente ruim ou prejudicial. Pode, inclusive, funcionar em casos de meltdown.
7 – Programação visual
Programações visuais são ótimas para trabalhar comportamentos em autistas que tenham alguma dificuldade de entender alguns conceitos. É uma forma prática de fazê-los entender, por exemplo, tarefas diárias, emoções, entre outras coisas. A programação visual também ajuda na transição de uma tarefa para outra, já que dá indicações do que o autista pode esperar de uma situação que ainda não aconteceu.
Entre as palavras importantes no autismo que já listamos até aqui está o ABA, que é muito apoiado em programações visuais.
8 – Habilidade de fragmentação
Uma pessoa com autismo tem boas chances de ter habilidades fragmentadas. Ou seja, fazer uma ou mais coisas muito bem, enquanto outras habilidades aparentemente simples podem ser muito mais difíceis.
9 – Transtorno de processamento sensorial
Outra das palavras mais comuns quando o assunto é autismo é “sensorial”, já que essa é uma questão que pode tomar diferentes formas. Uma desordem de processamento sensorial é uma condição neurológica em que os sinais sensoriais não trabalham do jeito certo. Assim, quando há a desordem, o corpo reage de maneiras extremas a certos estímulos. Por exemplo, se uma criança autista se sente muito irritada com a textura de certo alimento ou de algum material.
Essa é uma desordem que pode causar muitos transtornos, já que frequentemente ela interfere limitando hábitos importantes para uma vida saudável.
10 – Sistema vestibular
No corpo humano, o sistema vestibular é o que dá a orientação espacial e o equilíbrio. Sendo assim, é por ele que coordenamos nossos movimentos. Muitos autistas tem dificuldade de controlar movimentos. Um exemplo claro que, inclusive, já abordamos aqui o blog é a questão do andar na ponta dos pés.
11 – Propriocepção
Na mesma linha do sistema vestibular, há, igualmente, a propriocepção, que é a capacidade do corpo de sentir em que posição estamos em relação às outras coisas. A propriocepção também mede a força necessária para criar esse movimento levando em conta as coisas que estão próximas. É um sentido que faz a gente entender onde estão as nossas partes do corpo, assim como braços, pernas, cabeças, entre outras.
Um exemplo de como usamos a propriocepção é quando precisamos bater palma ou quando precisamos empurrar um objeto.
12 – Comorbidade
Várias das palavras importantes para o autismo que tratamos aqui são, na verdade, comorbidades. Na prática, uma comorbidade é uma condição de saúde que coexiste com outra. Ou seja, duas ou mais condições adversas no mesmo corpo.
Constantemente, o autismo é acompanhado de comorbidades como epilepsia, TOC (transtorno obsessivo compulsivo), ecolalia, entre outras. Apesar disso, as comorbidades são tratadas individualmente, e não de uma forma generalizada.
13 – Atenção conjunta
A atenção conjunta é uma habilidade sociocomunicativa que começa logo nos primeiros meses de vida. É através dela que os bebês apontam e aprendem a compartilhar as coisas, assim como seguir o olhar das pessoas. Por isso, a falta da atenção conjunta ou mesmo falhas nesse processamento são as primeiras coisas que os pais observam como sinal em que a criança não está cumprindo marcos do desenvolvimento. Quando investigados cedo, esses sinais muitas vezes são levados em conta no diagnóstico de autismo.
14 – Prosódia
A prosódia é o ritmo da linguagem falada, algo que pode ser desafiador para um autista. A prosódia é a frequência, a altura, a ênfase e a entonação que usamos. Sem ela, sem dúvida não seríamos capazes de colocar todas as nossas emoções e intenções na comunicação oral.
Uma característica que, de fato, é marcante entre autistas é, justamente, o jeito monótono da voz ou mesmo entonações “cantadas”. Para saber mais sobre questões da fala de um autista, recomendamos o download gratuito do nosso e-book especial.
15 – Cognitivo / Cognição
Processo cerebral de entendimento ou conhecimento. Habilidades cognitivas incluem pensar, analisar e compreender a informação.
Uma das palavras mais citadas nos materiais sobre autismo é a “cognição”, pois é uma das áreas em que os autistas mais sofrem déficits. E o motivo é claro: a cognição tem a ver, desse modo, com aprendizado e produção de conhecimento. Porém, além do intelecto, a cognição também atua nas capacidades emocionais, na memória, no raciocínio e na percepção das coisas.
Por isso que muitos autistas fazem terapia cognitivo-comportamental. O intuito dela é estimular o desempenho na escola, na universidade e na vida comum.
16 – Neurotípíco/neuroatípico
Neurotípico é um termo que a comunidade autista utiliza para falar de pessoas que têm o desenvolvimento neurológico consistente com o que a maioria das pessoas consideraria dentro dos padrões. Principalmente no que se refere aos comportamentos sociais e ao desenvolvimento linguístico.
Assim sendo, o neuroatípico, ou apenas “atípico”, é uma pessoa que não atende aos critérios de desenvolvimento neurológico. O termo “atípico” serve tanto para autistas como para portadores de outras desordens.
17 – Neurodiversidade
É um conceito que defende as diferenças neurológicas como sendo parte da diversidade humana e assim devem ser reconhecidas e respeitadas. Para muitas pessoas autistas, o autismo é uma condição, não um transtorno ou uma doença a ser tratada. Não se trata o autismo, busca-se promover a derrubada das barreiras físicas e atitudinais existentes no ambiente, oferecendo as ferramentas necessárias para que as pessoas autistas possam usufruir de seus direitos e viverem como autistas que são, sem precisarem se “adequar” a um conceito único de padrão neuronal.
18 – Capacitismo
É o preconceito contra pessoas com deficiência. Em nosso sistema social e político, existe a ideia de que pessoas devam ser hierarquizadas de acordo com o funcionamento dos corpos, do modelo de beleza vigente, do gênero, da raça, da orientação sexual. No caso do capacitismo, o (pré)conceito dominante é que pessoas com deficiência são incapazes (de trabalhar, de estudar, de manterem relacionamentos amorosos) e, por isso, dependentes das pessoas ditas “capazes. Elas valem “menos” do que as ditas “normais”. O capacitismo se expressa de diversas formas, de “piadas” até a negação absoluta dos direitos das pessoas com deficiência.
19 – Síndrome de Asperger
É uma condição neurológica do espectro autista caracterizada por dificuldades significativas na interação social e comunicação não-verbal, além de padrões de comportamento repetitivos e interesses restritos.
20 – Síndrome de Savant
A síndrome de Savant aponta para aqueles autistas que têm muito conhecimento numa área especializada – seja ela qual for. Não por acaso, autistas Sanvants são tidos como gênios, porém, essa não é a interpretação mais adequada do que é a síndrome. Claro que a inteligência chama atenção e a raridade do surgimento também, mas é um equívoco condicionar a inteligência de um autista à síndrome.